segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os sonhos de uma vida vazia

Os sonhos de uma vida vazia, que até então flutuavam congelados nesta mente fértil, mente essa que se abriga neste corpo inerte, ganharam movimento e cor na vida real. Tudo que aquela dança traduzira, acontecera num futuro logo ali, depois da esquina. À medida que as horas passavam, novos parâmetros se configuravam em “zeros” e “uns”, numa interação binária profunda, filosófica e extremamente complexa, como o olhar molhado vindo daqueles seus olhos que viram algumas (não muitas) décadas transcorrerem sob sua percepção. Olhos – e não só eles – que me encantaram desde cedo, quando ainda não entendia os porquês de tanto fascínio e atenção, que despertavam os pensamentos mais lascivos do meu sentir adolescente cheio de testosterona a ferver nas veias, e que com o tempo se cristalizaram em gelo, a flutuar.

Os sonhos, esses, os de uma vida vazia, que até então flutuavam congelados nesta mente fértil, logo após ganharem movimento e cor na vida real, retornam ao seu estado habitual, congelados. No entanto, o que era sonho – logo se pode entender que não aconteceu no mundo fático – agora vira lembrança: o gosto que não me sai da boca. Mesmo congelada, um dia a lembrança traz a saudade, e a saudade traz a certeza de que, por mais que pareça, a vida não era tão vazia assim, tampouco o corpo que abriga a mente fértil era assim tão inerte.


Cruz das Almas, 08 de abril de 2010.
13h03

Deivisson Leão.

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, grande Deivisson!

Claudio disse...

E aí Deivisson...
Achei tudo muito viado mas tá muito bom!
Grande abraço!
Claudio

Unknown disse...

Muito bons os textos Deivisson! Muito legal seu blog!
Grande Abraço!

http://eas9dades.blogspot.com/

Unknown disse...

Gostei muito deste poema em especial... seus textos são muito bem escritos e tem profundidade... Poesia de primeira!
Sucesso!!
Bjão!!

Meu eu e outras essências disse...

Escrever poesia é traduzir percepções, sensações, desejos, sonhos... é consagrar o instante mágico, já comentado por Otávio Paz.
Ler é poesia provoca uma estranha sensação, a sensação de já ter sentido, ou de já ter tido vontade de dizer o mesmo e não ter encontrado as palavras... ótimo texto primo!!

Viviane