Os sonhos de uma vida vazia, que até então flutuavam congelados nesta mente fértil, mente essa que se abriga neste corpo inerte, ganharam movimento e cor na vida real. Tudo que aquela dança traduzira, acontecera num futuro logo ali, depois da esquina. À medida que as horas passavam, novos parâmetros se configuravam em “zeros” e “uns”, numa interação binária profunda, filosófica e extremamente complexa, como o olhar molhado vindo daqueles seus olhos que viram algumas (não muitas) décadas transcorrerem sob sua percepção. Olhos – e não só eles – que me encantaram desde cedo, quando ainda não entendia os porquês de tanto fascínio e atenção, que despertavam os pensamentos mais lascivos do meu sentir adolescente cheio de testosterona a ferver nas veias, e que com o tempo se cristalizaram em gelo, a flutuar.
Os sonhos, esses, os de uma vida vazia, que até então flutuavam congelados nesta mente fértil, logo após ganharem movimento e cor na vida real, retornam ao seu estado habitual, congelados. No entanto, o que era sonho – logo se pode entender que não aconteceu no mundo fático – agora vira lembrança: o gosto que não me sai da boca. Mesmo congelada, um dia a lembrança traz a saudade, e a saudade traz a certeza de que, por mais que pareça, a vida não era tão vazia assim, tampouco o corpo que abriga a mente fértil era assim tão inerte.
Cruz das Almas, 08 de abril de 2010.
13h03
Deivisson Leão.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Sono de mãe
Mariposa borboleta pousa à flor seu ombro
E sonha seus sonos de outrora
Que uma vida à maternidade desconhece até a morte
Quão lisonjeira honra
Velar sono tão inquieto
Por saber que ali estava só um corpo
Pois alma-borboleta cortejava
A mais bela flor
Que ficou em casa.
Deivisson Leão
abr/mai 2010
E sonha seus sonos de outrora
Que uma vida à maternidade desconhece até a morte
Quão lisonjeira honra
Velar sono tão inquieto
Por saber que ali estava só um corpo
Pois alma-borboleta cortejava
A mais bela flor
Que ficou em casa.
Deivisson Leão
abr/mai 2010
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